Augusto Cury

Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Brasil precisa de ensino técnico de qualidade

Todos os anos cerca de 1,7 milhões de jovens ficam fora das universidades, eliminados pelo arcaico vestibular. Diante dessa realidade, a cada ano cresce o numero de estudantes que disputam vagas nas escolas que oferecem educação técnica e profissional, que é o caso dos CEFETs, das escolas técnicas estaduais, nas escolas técnicas municipais (nos poucos municípios brasileiros onde elas existem), e até mesmo as nas escolas técnicas privadas. Mas vale ressaltar que, o que mais atrai o conjunto da juventude que busca qualificação profissional são os CEFETs, com a sua oferta de cursos profissionalizantes em nível médio e nível superior.

Mas a realidade do ensino técnico no Brasil frustra os estudantes. Hoje, salvo algumas exceções, faltam professores nas escolas técnicas, os laboratórios estão ultrapassados e o currículo é desvinculado da realidade do país e das regiões e atende somente aos interesses de determinados grupos privados que desejam mão-de-obra barata.

Além disso, não existe uma gestão democrática nessas instituições. Vejamos alguns exemplos: não é a sociedade que define os projetos que vão ou não beneficiar a escola, nem tão pouco onde e como vão ser investidos os recursos, pois a maioria dos representantes do conselho diretor é formado por empresários ou instituições que representam os mesmo interesses; na maioria absoluta dos CEFETs, os estudantes não têm o direito de eleger os diretores, pois as eleições não são paritárias, e muitos grêmios ainda são perseguidos.

O exemplo mais claro da falta de democracia foi a transformação dos CEFETs em IFETs (Instituto Federal de Educação Tecnológica) sem a menor discussão com a comunidade, principalmente, com os estudantes. O decreto 6.095, que prevê a transformação dos centros em institutos, diz que a mudança deve ser feita em assembléia geral. Mas o que se viu foram atas feitas na calada da noite e enviadas para o MEC. Tal atitude fere o processo democrático que tanto lutamos para construir. Até onde vai essa falta de democracia? Por quanto tempo mais a opinião dos estudantes não vai ser levada em conta?

Além dos Ifets serem empurrados “goela abaixo”, o governo tentar resolver alguns problemas da educação profissional burocraticamente. É o caso do aumento do número de vagas no ensino técnico e no ensino superior, investindo em mais cursos de tecnologia, sem, entretanto, aumentar as verbas para as escolas. Para crescer com qualidade o ensino técnico, é preciso que o Governo invista uma pequena parte do dinheiro que doa para os para os banqueiros na educação. Também a fortuna que entrega aos empresários para usarem no chamado Sistema S (Senai, SESC, SESI, etc.), uma rede de educação privada, que cobra mensalidades abusivas dos alunos, permitiria uma grande melhoria na qualidade do ensino técnico público brasileiro. Com estes recursos, teríamos uma educação profissional de qualidade sem precisar que os laboratórios das nossas escolas fossem financiados por determinadas multinacionais como a Coral, a Ford, a Odebrecht, a Oi e outras empresas que visam apenas ao lucro.

Precisamos mudar essa realidade, precisamos lutar para garantir que a nossa voz seja escutada custe o que custar!